23 de Setembro de 2008

 

 
 
Faz 35 anos que faleceu o grande poeta chileno,
  
Pablo Neruda.
 
     Nascido Ricardo Eliezer Neftalí Reyes Basoalto, Neruda era filho de José del Carmen Reyes Morales, operário ferroviário, e de Rosa Basoalto Opazo, professora primária, morta quando Neruda tinha um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o nome de pena Pablo Neruda (inspirado escrito checo Jan Neruda), que o acompanharia durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após acção de modificação do nome civil.
 
      "Meu caminho junta-se ao caminho de todos. E em seguida vejo que desdo sul da solidão fui para o norte que é o povo, o povo ao qual a minha humilde poesia quisera servir de espada e de lenço para secar o suor de suas grandes dores e para dar-lhe uma arma na luta pelo pão."
 
 
 

     Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola: Neruda é destituído do cargo consular e escreve "Espanha no coração"

 

 

    

     Em 1945 é eleito senador e obtém o Prémio Nacional de Literatura.

 

     Em 1950 publica "Canto Geral", em que sua poesia adopta intenção social, ética e política.

 

 

     Em 1952 publica «Os Versos do Capitão» e em 1954 «As uvas e o vento» e «Odes Elementares».

 

 

    

     Em 1953 constrói sua casa em Santiago apelidada "La Chascona" para se encontrar clandestinamente com sua amante Matilde, a quem havia dedicado a obra «Os Versos do Capitão». A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso. "La Chascona" é um museu com objectos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. Recebeu o Prémio Lenine da Paz.

 

 

     Em 1958 apareceu Estravagario com uma nova mudança em sua poesia.

 

     Em 1965 foi-lhe outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha.

 

     Em Outubro de 1971 recebeu o Prémio Nobel de Literatura.

 

     Durante as eleições presidenciais do Chile nos anos 70, Neruda abriu mão de sua candidatura para que Salvador Allende vencesse, pois ambos eram marxistas e acreditavam numa América Latina mais justa que poderia ocorrer com o socialismo.

 

 

     Morreu em Santiago em 23 de Setembro de 1973, de cancro na próstata. Postumamente foram publicadas suas memórias em 1974, com o título "Confesso que vivi" .

 

     O enterro do poeta, no dia seguinte, é a primeira manifestação de mágoa, revolta, rebeldia contra o golpe. Pessoas de diferentes lugares e origens vão chegando à pracinha de Monte de S. Cristóvão. Elas choram, lançam flores e gritam em uníssono: “Pablo Neruda, presente, agora e sempre! Povo chileno, presente, agora e sempre! Allende, presente, agora e sempre! Pablo Neruda, presente, agora e sempre!”.

 

 

     Esse grito revela um raio de luz e de esperança de um povo que não vai ser pisado pelas botas da ditadura. O relato está no tempo presente: presente-mais-que-passado, presente-mais-que-futuro, pois a obra de Pablo Neruda está presente, o povo está presente. Presente no Canto geral de um poeta do povo que deixa por escrito um testamento poético  de luta por um futuro mais justo.
 
 

E a minha voz nascerá de novo,

talvez noutro tempo sem dores,

sem os fios impuros que emendaram

negras vegetações ao meu canto,

e nas alturas arderá de novo

o meu coração ardente e estrelado.

 

        Foi quando as mãos dos chilenos
        estenderam os dedos para a pampa,
        e com o coração em uníssono
        iria chegar a unidade das suas palavras:
        quando tu, povo, te preparavas para cantar
        uma velha canção onde se misturavam
        as lágrimas, a esperança e as dores:
        chegou a mão do verdugo
        e empapou de sangue a praça!
 
 
publicado por subterraneodaliberdade às 22:20
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