Vararam-te no corpo e não na força
E não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras
Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.
Morreste às mãos da tarde mas foi cedo
Morreste por que não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos
Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te
Para nós não há mortos. Só há vivos.
Ary dos Santos
(1937-1984)