As crises e a União Europeia
Estamos em vésperas de mais um Conselho Europeu, o último durante a Presidência que a Hungria assumiu, nessa partilha com um presidente criado pelo tratado de Lisboa, mas de que raramente se ouve falar. Quem conhece o belga Van Rumpoy, além dos próprios belgas? Cada vez mais, quem fala em nome da União Europeia é Angela Merkel, a chanceler da Alemanha, seja porque os jornalistas já não reconhecem outro líder de facto, seja porque os líderes institucionais (Presidente do Conselho e Presidente da Comissão Europeia) não se assumem como tal, revelando a sua fraqueza e, certamente, o receio de perderem o lugar por, eventualmente, desagradarem à senhora Merkel e aos grupos económicos e financeiros que representa.
Este é um semestre que não deixa saudades. Em diferentes países viveram-se crises políticas sérias. E são crises que persistem. Mesmo que pareçam adormecidas, nalguns casos apenas se arrastam sem fim à vista e, noutros, trabalhadores e populações prosseguem em lutas que são pouco divulgadas. Só as instituições europeias parecem continuar cegas e surdas perante o agravamento de situações que já não se curam com os paliativos do costume. Mais cedo do que tarde, impõe-se ir ao fundo das questões, analisar as suas causas mais profundas e alterar as políticas que lhe estão na origem.
Fonte: Jornal "Avante!"