O abismo da crise e a questão da soberania
M ultiplicam-se os sinais de ulterior degradação da situação internacional. A espiral da crise que assola os pólos da tríade capitalista empurra o mundo para novas situações explosivas de consequências imprevisíveis. Perante o vórtice da contaminante toxicidade financeira, redobra de virulência a agenda exploradora e hegemónica do imperialismo. O intervencionismo e a desestabilização alastram a países e regiões inteiras do planeta.
Correndo contra o tempo, os EUA e a NATO projectam a uma escala inaudita a sua força militar global. Mas a urgência da crise transporta também no bojo o desenvolvimento das contradições e elementos de rivalidade inter-capitalista que não cessam de socavar os pilares da concertação.
Duas décadas depois da desagregação da URSS adensa-se a incerteza. Pese embora o frenesim da cavalgada contra os direitos do trabalho e a soberania dos povos, a verdade é que os «dilemas» da crescente incapacidade sistémica do capitalismo em assegurar a reprodução da mais-valia se mantêm. Como confessa um executivo da alta finança, vivemos «tempos estranhos e perigosos» em que «tudo é possível» (FT.com, 04.07.11).
Fonte: Jornal "Avante!"